quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Capítulo 6 - Inspirações



     Esse mês de dezembro foi bem inspirador, por isso coloquei esse título. Primeiro, tivemos um encontro, promovido pelo PIBID de filosofia, o sócio-drama. Sócio-drama é um método, muitas vezes utilizado em terapias, onde um problema ou uma ação é levantada pelo grupo e dramatizada em cenas, compartilhando experiências para todos os integrantes do grupo. O sócio-drama proposto foi voltado para o cenário escola e mostrou cenas de situações corriqueiras entre a interação aluno-professor é bem frequente.  A seguir, um cartaz do evento:
         
  Esse evento foi importante, pois visualizamos que todos os docentes e futuros docentes vivem situações muito parecidas nas escolas. Com isso, podemos nos preparar e avaliar melhor nossas ações, já sabendo os impactos que teremos no futuro e melhorar nossa formação na docência.
Esse mês, tivemos também a participação de uma artista plástica, Ana Teixeira. As conversas e as reflexões geradas através das artes que ela mostrou foi mais pessoal. Durante algumas obras e alguns projetos apresentados, me questionei sobre o que sou e onde quero chegar, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, por isso considerei uma experiência muito rica e que terá muito impacto nos meus projetos no próximo ano letivo.




Ano que vem continuaremos nosso projeto, voltado para jogos teatrais, pois acredito que é uma das melhores formas de contextualizar e criar vínculos com os alunos e os professores. Tentaremos trabalhar com mais salas do que no projeto anterior, pois percebemos que a ideia foi bem aceita pela classe, motivando mais nessa linha de trabalho. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Capítulo 5 - Mão na massa


Começamos a fazer nosso projeto com uma turma do segundo ano do ensino médio, depois iremos aplicar as mesmas ideias para outras turmas. Como essa turma tinha duas aulas seguidas, seria mais viável, devido ao fator tempo, levá-los ao laboratório, ambiente que eles nunca haviam frequentado antes. O laboratório da escola é muito bem equipado, tem diversas vidrarias e reagentes, bancadas espaçosas, sendo bastante propício para levar os alunos até lá e fazer uma atividade diferenciada. Quando nosso grupo foi ao laboratório verificar os reagentes, ficamos muito surpresos com o que encontramos. Lembro-me de ter ido ao laboratório da minha antiga escola apenas uma vez, fazer um experimento de biologia e lembro de um ambiente pequeno, com poucos equipamentos e realizamos um experimento super simples, devido as limitações do lugar. Ao me deparar com o que os alunos tinham e que, nem sabiam que tinham, me fez ficar mais empolgada com o projeto, pois seria algo totalmente novo e que os alunos se interessariam. Dividimos o projeto em etapas: a apresentação de forma dinâmica, introdução de conceitos, experimento com uma atividade investigativa e uma atividade depois da discussão dos experimentos. No dia da apresentação, tinha cerca de nove alunos na sala. Fizemos um levantamento das concepções prévias sobre o tema: "Cinética Química". Após o levantamento das concepções prévias, explicamos sobre o conceito de cinética, demos exemplos. Em alguns momentos da explicação, usamos alguns recursos teatrais a fim de prender a atenção dos alunos. Essa aula poderia ter sido feita na sala de aula convencional, entretanto, pensamos em sair do óbvio e tentar algo diferente para ver a reação dos alunos. Na outra aula, tinham mais alunos presentes, onze. Separamos as três bancadas por experimentos diferentes, porém relacionados com a velocidade das reações. Os alunos tiveram que se dividir em grupos e escolher uma das bancada. A escolha das bancadas foi diferenciada. Para cada experimento disponível, criamos uma cena que representasse, porém sem dar as respostas para a atividade que deveria ser realizada depois.  Assim, cada aluno escolheu o experimento de acordo com a afinidade da cena. Cada bancada realizou uma atividade investigativa com o experimento escolhido. 






Depois de realizar o experimento, cada grupo deveria mostrar seu experimento para os demais através de uma cena, como a feita no início e, explicar o que eles entenderam e relacionar com os conceitos de cinética química. Gostei bastante dessa atividade, pois os alunos participaram, montaram cenas criativas contextualizando os conceitos e, na explicação, alguns alunos explicaram corretamente o que acontecia no experimento impecavelmente. Após a apresentação dos grupos, o tempo da aula de Química tinha acabado e os alunos não teriam a última aula, tinham a opção de ir embora. Porém, eles quiseram continuar no laboratório e ver a explicação do que eles haviam feito. Percebemos que, naquele dia, ganhamos os alunos e que poderíamos sim fazer a diferença, apesar de todos os problemas frequentados na escola pública. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Capítulo 4 - O projeto

Após alguns meses de observação, após conhecer o método de ensino da professora, conhecer os alunos, começamos a pensar sobre nosso projeto. Uma das dificuldades enfrentadas foi como colocar a interdisciplinaridade, que muitas vezes parece tão distante, dentro do contexto escolar. Infelizmente, não tivemos oportunidade de fazer parcerias com professores de outras disciplinas, um projeto desse porte seria mais viável com auxílio da direção e todo envolvimento do corpo docente. Tentamos, então, levar a interdisciplinaridade de forma diferenciada, já que nosso subprojeto permite isso. Depois de alguns encontros e discussões, pensamos em usar o recurso dos jogos teatrais, como aqueles explorados em nossas reuniões. Existem diversos trabalhos e livros publicados sobre o tema, que mostra como o teatro pode contribuir de forma bastante significativa no processo de ensino-aprendizagem, pois ajuda a promover, além do desenvolvimento de habilidades cognitivas, o desenvolvimento de habilidades afetivas e sociais.



Exemplos de livros que mostram essa temática.


Além dos jogos teatrais será considerado o recurso à experimentação, que está interligado ao processo científico, com a finalidade de trabalhar com conteúdos que os alunos já tenham tido contato ou que estejam, neste bimestre letivo, sendo abordados em Química e Física. A proposta tem como objetivos: combater a evasão, grande problema observado na escola no período noturno; dinamizar o ensino; desenvolver a confiança e o sentimento de grupo nos alunos e professores. Acredita-se que a abordagem interdisciplinar que norteia a proposta, oriunda das diretrizes do subprojeto interdisciplinar PIBID ao qual os bolsistas estão vinculados, pode promover uma melhora no processo de aprendizagem dos alunos da escola e conferir aos alunos bolsistas participantes um envolvimento maior nas atividades de ensino da escola e nas suas problematizações. Agradecimentos a CAPES pelo financiamento.

Capítulo 3 - Arte e a escola

obra “O Grito” demonstra parte do sentimento que senti, discutido no último capítulo.  Se analisarmos atentamente, observamos que parte da obra “vibra” com o desespero do elemento principal e parte se mantém intacta frente a esse desespero. O fundo, totalmente desconfigurado e torto, me mostra o meio escolar, os demais alunos tentando se adaptar à vida acadêmica conturbada – já que muitos deles trabalham. À esquerda está a ponte e dois homens, íntegros, como se não fizessem parte da mesma obra. A ponte demonstra a escola e os homens, eventuais professores, que estão fixos e só observaram a mudança do cenário no decorrer dos anos, sem se relacionar completamente com as situações de cada aluno. Descrevo o homem em desespero no centro da obra, pois demonstra como, eu pelo menos, me sinto quando observo a situação da escola pública e a qualidade do ensino. Vendo tantos obstáculos e desinteresse dos alunos quanto ao conhecimento, vendo o cansaço dos professores e a dificuldade em driblar o “sistema”.


O Grito de Vicente Van Gogh, 1893.

Além da obra anterior, selecionei um dos painéis da obra de Portinari, intitulada como “Guerra e Paz”, pois acredito que retrata bem a situação presenciada na escola. Nesse trecho, o artista retrata a guerra e como as mulheres se comportam diante da situação, sem uso de violência, retratando apenas com expressões de desespero. Coloquei como referência à alguns professores, que ignoram o sistema de ensino atual e se deixam levar pelo  Por isso deixo a imagem:


Portinari. Parte do painel “Guerra e Paz”, 1948.

Por fim, escolhi a obra “Persistência da Memória”, de Salvador Dali, que representa os alunos, principalmente pelo elemento relógio, foco da obra. Nessa obra, o tempo se curva à gravidade, mostrando que o tempo não tem volta ao estado inicial, antes de ser influenciado pela ação gravitacional. Essa obra representa o aluno, que perde o tempo de conhecimento que depois será dificilmente recuperado.

Persistência da Memória, Salvador Dali. 1931.





Capítulo 2 - Algumas páginas atrás

A rotina de uma escola pública é de extrema importância, afim de planejar alguns projetos e desenvolver as atividades com os alunos, sendo muito importante o conhecimento de todos. Foi isso que eu e muitos outros alunos do PIBID acompanhamos, apenas observando, nessa primeira etapa do projeto. No decorrer dos meses, frequentei as aulas noturnas da disciplina de Química, com a professora Sônia. As aulas são restritas apenas ao quadro e ao giz. O caderno do aluno, projeto do governo do estado de São Paulo, não é sequer mencionado. Livros? Também não, já que muitos vão à escola após o longo dia no trabalho, um livro é só mais um item para aumentar o cansaço dos alunos.  Levar o livro por qual motivo se a professora não usa em sala de aula, como dito anteriormente, as aulas são restritas ao quadro e ao giz. Ao quadro e ao giz.
O obstáculo maior observado na escola foi o alto índice de evasão dos alunos, devido a muitos deles trabalharem e estarem apenas de passagem pela escola. Frequentei nesse ano, duas visitas ao conselho. Conselho é um encontro de todos professores que dão aula numa determinada turma, para verificar as notas e as faltas de cada um, além de verificar possíveis problemas com o aluno, se houve abandono ou não, por exemplo. Foi um experiência chocante. Depois de uma longa espera, dentre os mais variados assuntos, entre as revistas da Avon e outros catálogos vendidos pelos professores, após as brigas dos professores entre si, o conselho começa. Começa lentamente, sem pressa. A longa listagem de 50 alunos por turma começa. Aluno 1, sem nota, muitas faltas na disciplina de Química, porém com nota em outra disciplina, o que faz alguns professores atribuíram notas no momento do conselho, sem fundamento algum. Aluno 2 ... e o conselho segue até o último aluno. As discussões sobre o andamento dos alunos são raras, os projetos a serem trabalhados não foram discutidos, não conheço outro espaço dentro da escola onde esse assunto poderia ser tratado, até hoje não presenciei nenhum. Quem não tinha nota, conseguiu após o conselho. Essa é a progressão continuada, todos vão passar para o próximo ano. É o "sistema".
Esse cenário se repete na rotina da escola pública e me levou a muitos questionamentos, alguns como: até onde é a culpa do "sistema"? A formação de um professor deve ser muito bem estruturada e, além de uma boa bagagem de conhecimento, o professor deve levar à escola vontade e amor à profissão. Em um dos nossos encontros do PIBID, uma das professoras comentou sobre a Escola Estadual do Sapopemba, como o empenho do corpo docente e da direção pode mudar a escola. O incetivo da escola para busca de conhecimento fez a diferença em muitos alunos dessa escola. Um deles, por exemplo, conseguiu um vaga em uma concorrida universidade pública, somente com o conhecimento do ensino médio, como pode ser visto aqui: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=8958. Acompanhar esse tipo de notícia serve de inspiração, pois há fatores além do sistema que podem ser mudados mais rapidamente e, acredito que programas como o PIBID e outros no decorrer da formação de professores será essencial para a mudança desse cenário atual.


“Guarde suas moedas, eu quero mudança” – obra de Banksy

sábado, 1 de novembro de 2014

Capítulo 1 - A Escola


    Comecei a frequentar as aulas na escola estadual Coronel Bonifácio de Carvalho, que fica localizada na cidade de São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil. Nessa escola, há aulas nos três períodos para alunos d:  Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série e anos finais; Ensino Médio; Educação de Jovens e Adultos – presencial - 5ª a 8ª série; Educação de Jovens e Adultos – presencial - Médio. Participo das aulas de Química, com a professora Sônia. Há apenas mais um outro professor vinculado ao projeto que é da disciplina de Física, o professor Ono. Tentaremos através desses professores, criar um projeto interdisciplinar, que é o foco do projeto do PIBID Interdisciplinar.



                                                                    Foto da Escola Coronel Bonifácio


     A primeira impressão da escola foi chocante. A princípio estava indo apenas nos dias de sexta-feira e pouquíssimos alunos frequentam as aulas nesses dias. Um turma onde 50 alunos estão matriculados e menos de 10 comparecem, é um tanto assustador. Porém, com o tempo fui me habituando a nova realidade escolar. Frequentei alguns conselhos que o professores realizam no final de cada bimestre e percebi que os problemas vão além do "sistema". Encontrei muitos professores desanimados e desmotivados. Até onde esse desânimo contagia os alunos? Será possível reverter esse "sistema" e ir além na educação? E a tão almejada interdisciplinaridade, está tão longe assim?