A rotina de uma escola pública é de extrema importância, afim de planejar alguns projetos e desenvolver as atividades com os alunos, sendo muito importante o conhecimento de todos. Foi isso que eu e muitos outros alunos do PIBID acompanhamos, apenas observando, nessa primeira etapa do projeto. No decorrer dos meses, frequentei as aulas noturnas da disciplina de Química, com a professora Sônia. As aulas são restritas apenas ao quadro e ao giz. O caderno do aluno, projeto do governo do estado de São Paulo, não é sequer mencionado. Livros? Também não, já que muitos vão à escola após o longo dia no trabalho, um livro é só mais um item para aumentar o cansaço dos alunos. Levar o livro por qual motivo se a professora não usa em sala de aula, como dito anteriormente, as aulas são restritas ao quadro e ao giz. Ao quadro e ao giz.
O obstáculo maior observado na escola foi o alto índice de evasão dos alunos, devido a muitos deles trabalharem e estarem apenas de passagem pela escola. Frequentei nesse ano, duas visitas ao conselho. Conselho é um encontro de todos professores que dão aula numa determinada turma, para verificar as notas e as faltas de cada um, além de verificar possíveis problemas com o aluno, se houve abandono ou não, por exemplo. Foi um experiência chocante. Depois de uma longa espera, dentre os mais variados assuntos, entre as revistas da Avon e outros catálogos vendidos pelos professores, após as brigas dos professores entre si, o conselho começa. Começa lentamente, sem pressa. A longa listagem de 50 alunos por turma começa. Aluno 1, sem nota, muitas faltas na disciplina de Química, porém com nota em outra disciplina, o que faz alguns professores atribuíram notas no momento do conselho, sem fundamento algum. Aluno 2 ... e o conselho segue até o último aluno. As discussões sobre o andamento dos alunos são raras, os projetos a serem trabalhados não foram discutidos, não conheço outro espaço dentro da escola onde esse assunto poderia ser tratado, até hoje não presenciei nenhum. Quem não tinha nota, conseguiu após o conselho. Essa é a progressão continuada, todos vão passar para o próximo ano. É o "sistema".
Esse cenário se repete na rotina da escola pública e me levou a muitos questionamentos, alguns como: até onde é a culpa do "sistema"? A formação de um professor deve ser muito bem estruturada e, além de uma boa bagagem de conhecimento, o professor deve levar à escola vontade e amor à profissão. Em um dos nossos encontros do PIBID, uma das professoras comentou sobre a Escola Estadual do Sapopemba, como o empenho do corpo docente e da direção pode mudar a escola. O incetivo da escola para busca de conhecimento fez a diferença em muitos alunos dessa escola. Um deles, por exemplo, conseguiu um vaga em uma concorrida universidade pública, somente com o conhecimento do ensino médio, como pode ser visto aqui: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=8958. Acompanhar esse tipo de notícia serve de inspiração, pois há fatores além do sistema que podem ser mudados mais rapidamente e, acredito que programas como o PIBID e outros no decorrer da formação de professores será essencial para a mudança desse cenário atual.

“Guarde suas moedas, eu quero mudança” – obra de Banksy