A
ideia do profissional reflexivo, segundo Schon é o profissional que enfrenta
situações que não se resolvem por meio de repertórios técnicos. Atividades que
se caracterizam por atuar sobre situações incertas, instáveis, singulares e nas
quais existe um conflito de valor. Com isso há a distinção entre “conhecimento
na ação” e “reflexão na ação”. O
conhecimento na ação se baseia naquele conhecimento onde não há uma reflexão
prévia, a ação vai se construindo de forma sincronizada com o conhecimento ou
descobertas que vão sendo vivenciadas na execução de alguma atividade.
A
reflexão na ação está voltada para quando fugimos do habitual, pensando na
forma que as atividades são realizadas e focando no resultado esperado. Uma
característica de reflexão é a repetição.
Um profissional é um especialista que enfrenta repetidamente determinados tipos de situação e consegue
desenvolver um repertório de técnicas, imagens e resultados que servem de bases
para decisões. Facilitando o trabalho de profissionais mais experientes, por
exemplo. Entretanto, deve-se estar sempre
atento ao surgimento de diferenças e variações no cenário, para assim que
necessário, mudar suas perspectivas, entendendo problemas de novas maneiras. Assim, os professores podem se encontrar em
processos imediatos de reflexão na ação no caso de terem de responder a uma
ação imprevista no ritmo da classe. Entretanto, esses processos podem ser
demorados. A experiência dos professores é acompanhado na prática. Nas aulas de
Química na qual frequento, a professora é experiente e já possui um repertório
de ações e situações vividas na escolha, obtidos através dos anos de ensino.
Nas aulas, inclusive, os conteúdos a serem trabalhados não são baseados em
livros didáticos, a professora usa os conhecimentos dela para ensinar e já
possui ferramentas para driblar o inesperado, que pode surgir por parte dos
alunos.
O
processo de reflexão na ação, segundo Schon, transforma o profissional em um
“pesquisador no contexto da prática”. Nesse contexto, ele não precisa de técnicas e
teorias preestabelecidas, mas constrói uma nova maneira de observar o problema
que lhe permita atender suas peculiaridades e decidir o que vale a pena salvar ou
colocar um ponto final. Em ocasiões como essas, os práticos demonstram sua “arte
profissional”, ao serem capazes, de forma aparentemente simples, de manipular
as quantidades de informação, selecionando os traços relevantes e extraindo
consequências a partir do conhecimento profissional de casos anteriores,
reconhecendo a singularidade da nova situação em comparação com outras.
A
prática constitui-se, desse modo, um processo que se abre não só para resolução
de problemas de acordo com determinados fins, mas à reflexão sobre quais devem
ser os fins, qual o seu significado concreto em situações complexas e
conflituosas, “que problemas valem a pena serem resolvidos e que papel
desempenhar neles”. E isso pode levar à análise das normas e critérios
implícitos de avaliação empregados ou à forma com que se entende e constrói o
papel profissional dentro do contexto e social mais amplo do que atua.
A
relação é também transacional no sentido de que os fenômenos que o profissional
quer entender são em parte produto de sua intervenção; ele se encontra na
situação que quer compreender, pois entender a situação é entender a forma com
que se relaciona com ela, como define seu papel e que consequências têm na
prática. Ao contrário do modelo de racionalidade técnica, no qual se entendia a
ação profissional como externa a uma realidade alheia, o profissional reflexivo
entende que ele faz parte da situação, por meio do qual deve-se entendê-la como
configurada pelas transações realizadas com suas contribuições.
Favorecer,
por exemplo, a compreensão dos alunos ou estimular seu pensamento crítico são
pretensões educativas que se abrem ao inesperado porque se referem a dimensões
criativas das pessoas. Definem um potencial a ser desenvolvidos nos alunos que
pode se abrir a possibilidades imprevistas, tanto no que se refere à
experiência educativa a que pode dar lugar, como pela aprendizagem que pode ser
realizada. Se as experiências pedagógicas se guiam de forma genuína por valores
dessa natureza (mais do que exclusivamente pela conquista de habilidades ou
pelo domínio da informação), então devem caracterizar-se pelo que as move, mais
do que pelo que conseguem como produtos temporais da aprendizagem.
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